"Na caminhada entre ruas e becos me peguei com a cabeça nas
nuvens. Os fones no ouvido tocavam Me Against the World e eu achei que só um single
era tudo que eu precisava para mudar o mundo. Sentei na primeira calçada que vi.
Na mochila, entre os sprays e discos, encontrei meu caderno. A capa estampava o
esboço de um de meus primeiros grafites e de repente me flagrava lembrando do
sorriso da gata ao dizer “que lindo, quem
fez?" "eu que fiz, vem aqui que te mostro que de onde veio tem mais...”
Interrompi o devaneio e comecei a escrever. Sabia que
mulheres seriam meus últimos problemas depois do lançamento da minha primeira mixtape. As palavras transbordavam das
minhas mãos na mesma velocidade em que as ideias percorriam minha cabeça.
Naquela hora me vi Notorius, notado
de Bed-Stuy, Nova York, USA para o
mundo. As rimas acompanhando meus flows,
meus flows acompanhando meus beats, meus beats acompanhando os streets...
Até que do nada, um zé branquelo esbarra em mim, cai no
chão e me olha assustado. Pensei “pô, calmaí carinha, não to fazendo nada de
errado!” Uns gambé que tava ali do
lado já correu pra socorrer! Todo mundo me olha esquisito, como se eu tivesse
alguma coisa a temer...
Nem perguntaram nada, já chegaram revirando a mochila,
perguntando como tava a ficha na polícia... “não senhor, sou rapaz
trabalhador!” “Trabalhador rapaz, com esses pixe e essas latas a mais?” “Pixe
não senhor, é grafite, é Hip Hop!” “Cala boca aí moleque, pra não piorar
tua sorte!”
Dona Regina, minha mãe, saiu correndo do trabalho pra me
buscar na delegacia. Diziam que eu fui o responsável por agredir o
engomadinho-dois-pés-esquerdos. “Que vergonha!” ela dizia... e mal sabia que
eu só tava ali sentado. Sonhando com o Hip Hop, sem violência, sem querer fazer
estrago. Só queria fazer arte, mas não arte desse jeito... queria fazer
desenho, fazer som, fazer poesia... queria ser homem de efeito. A pele negra
nunca ajudou e o preconceito causado pela diferença sempre tava presente... Fazer Hip Hop não deu
hoje, quem sabe amanhã eu tente."
O pré-conceito trouxe essa
história que pessoas passam em seu cotidiano a partir das diferenças sociológicas,
físicas e culturais. Talvez você
se identifique com o pré julgamento feito pela sua vestimenta, pelo vocabulário
e lugar onde mora, que se torna zombaria da burguesia daqueles que não sabem o que
acontece, porque não conhecem e simplesmente criam seu conceito.
Nova Safra, um grupo de Hip Hop do ABC em parceira com Groove relata em entrevista o preconceito vivenciado por quem seguem a cultura e caminhos para vencê-los e supera-los:
Nova Safra, um grupo de Hip Hop do ABC em parceira com Groove relata em entrevista o preconceito vivenciado por quem seguem a cultura e caminhos para vencê-los e supera-los:
Hip
Hop faz isso, passa a mensagem e que o Bullying não faz sentido, somos
todos irmãos quer queiramos ou não, brincar
com a diferença do próximo não tem explicação.
O Groove e Nova Safra incentiva a cultura, aquela que não faz discriminação pelas nossas diferenças!
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