A historia
de Edson, morador do ABC Paulista.
No outro dia, lá estava o rapaz,
porém algo estava diferente, sua feição. O rosto sério deu lugar há um singelo
sorriso. Parecia-me radiante, até cantarolava um rap. Suas roupas também
estavam diferentes, vestia uma camisa “Polo” , calça jeans e um sapato velho.
Estava arrumado, mas nada chamava mais atenção do que seu sorriso. Enquanto
cantarolava, uma senhora que estava ao seu lado, se levantou e disse que não
ficaria perto de um marginal. O rapaz escutou, mas nada apagou seu sorriso. Ele
deu sinal e desceu. Não sei o que me chamou a atenção, talvez fosse seu estilo,
a maneira como os outros o olhavam, mas naquele dia sua alegria me despertou a
curiosidade.
Na manhã seguinte, não o vi, nem no outro dia e nem no outro.
Certamente, ele havia mudado seu horário. Quatro dias se passaram. Estava na
sala com minha mãe, que assistia seu programa policia favorito, quando na tela
apareceu a foto do rapaz do ônibus.
Edson, 22 anos, morador da
Periferia do Grande ABC Paulista. Pai de um menino de 3 anos. A mãe da criança
faleceu no parto. Morava com sua mãe, seu filho e seus 4 irmão menores de
idade. Seu pai estava preso. Trabalhava em uma gráfica para sustentar sua
família e fazia curso técnico durante a noite. Dançava Hip Hop e todo sábado
ensinava dança e Grafitti para crianças carentes. Aquele dia, o ultimo em que o
vi, ele estava a caminho de seu primeiro emprego digno, iria receber R$
1.600,00 mais benefícios, e esse era o motivo de sua alegria.
Quando estava chegando para entregar seus documentos, foi
surpreendido por uma ação policial. Mandaram ele encostar na parede.
Perguntaram o que ele estava fazendo lá e o motivo de tanta pressa. Edson levou
a mão ao bolso, quando um disparo foi ouvido. Naquele momento um sorriso foi apagado,
sonhos roubados e esperanças tiradas. Edson foi ao chão com uma bala em seu
peito. Naquele momento o policial viu que o rapaz segurava sua carteira de
trabalho. Sua arma era o seu conhecimento, sua vontade em vencer e sua fé. Os
policiais tentaram alterar a historia, mas testemunhas os denunciaram.
Essa é a
historia de Edson, mas pode ser a historia de tantos outros jovens de origem
humilde, que saem da periferia para buscarem algo melhor para suas vidas e para
suas famílias. Jovens com tantos sonhos, vitimas do preconceito e da injustiça.
Essa crônica é em homenagem a todos aqueles que perderam suas vidas por causa e
para a violência.
Hoje Edson
não pode mais ouvir seus “rap boladão”, mas sua historia não foi esquecida,
pelo menos não por mim.
A mesma história de que o negro, humilde e da periferia, morre sempre nas mãos de policiais.
ResponderExcluirEntrei na página com uma outra expectativa e acho que se aqui é espaço pra diversidade, propagar esse tipo de preconceito as avessas não faz sentido.
A cultura não visa estimular o ódio, a ideia é passar sempre uma realidade que nem todos veem ou entendem, passamos por isso todos os dias e ninguém se importa, esse é só um relato do cotidiano de muitos. O preconceito quem faz é aquele q julga quem se interessam a passar cultura tão pouco reconhecida.
ExcluirFica fácil falar para quem não passa por isso todos os dias, a rua ta ai pra mostrar.. que preconceito racial e social existe sim. Porque o mesmo não acontece com aquele que não mora na periferia, que não conhece o que cada um passa todos os dias.. esse é só mais um relato da realidade. É triste? Mas é a real. Acompanhe as postagens do resto do blog para entender a essência!
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